Nikhil Banerjee - afternoon ragas


A música clássica indiana possui maior liberdade do que estamos acostumados a perceber e a ouvir por aqui. A começar pela afinação dos instrumentos. Varia de acordo com quem toca, ou seja, o Lá 440 é coisa nossa. Gostamos de seguir padrões. Na música indiana, o Lá pode ser onde o músico bem entender, desde que agrade a seu ouvido. Já é uma forma de desapego dos padrões. A escala é a mesma, só muda o nome. Ao invés de dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó, os indianos usam Sa, Ri, Ga, Ma, Pa, Dha, Ni, Sa. Tem que decorar, não adianta.

Outra característica fundamental da música clássica da Índia é o humor, ou “mood” como é chamado mundialmente, o qual é empregado para cada horário de um raga. Assim, existem ragas específicos para cada hora do dia. Se for ouvir um raga criado para ser ouvido de manhã cedo, provavelmente não serão utilizadas notas dissonantes. Eles deixam isso mais para o fim do dia e para a noite. É um respeito à estética que se funde a uma religião musical. Muitos músicos deixaram isso de lado, principalmente aqueles que trouxeram a música indiana para o ocidente. Na Índia ainda existe esta preocupação, principalmente por parte dos mestres mais antigos. Bem, vamos ao disco.

Nikhil Banerjee nasceu em Calcutá em 1931 e aos 9 anos já era um puro e exemplar sitarista. Participou de inúmeros concertos em festivais, ganhando notoriedade e diversos prêmios, além de ser um músico muito conhecido pelo fato de seus ragas estarem sempre nas rádios. Algumas pessoas o veneram mais do que a Ravi Shankar, para se ter uma idéia.
O disco “afternoon ragas” é de 1970, e foi o primeiro registro que encontrei do músico, falecido em 1986. É uma boa mostra de como se comportam os músicos indianos em relação aos variados moods.
Dica: ouça lá pelas 16h, caso esteja meio de saco cheio da mesmice que é sua vida.

Para baixar o disco, clique aqui

 


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